Thursday, October 19, 2006

CURRICULO




ENTREVISTA - Jornal do Brasil - Caderno B - Rio,1984
Entrevista dupla para a jornalista Mara Caballero










PROVOCAÇÃO : HUMOR EGOCÊNTRICO

DAS PROVOCAÇÕES

MEMÓRIA





Galeria Goeldi_29/8/1966_21 horas


desenhos e pinturas
Aloysio Zaluar


As obras Aloysio Zaluar expõe na "Galeria Goeldi"se situam na fronteira entre o desenho e a pintura. Nenhuma delas se reduz à estrutura simples de linhas que constituem o desenho puro, ao contrário , se armam num jôgo ( com frequência violento ) entre a luz e a sombra, ou se tecem através de uma riquíssima matéria-côr, resultado do uso sutil de técnicas mistas: lápis oleosos, tintas fluidas, etc...Dois denominadores comuns as unificam: são antes de tudo um testemunho emocional e focalizam a mesma temática_o carnaval e a música popular brasileira.
O perigo nessa escolha seria a queda no pitoresco, na "coisa-para-turista-ver". Esse perigo é evitado em todos os momentos, graças justamente ao que podemos rotular como uma "forma transparente", quero dizer uma realização toda destinada a  expressar não a aparência do tema, mas sua repercussão num campo mais profundo, no qual o valor humano é surpreendido com uma acuidade rara em artista tão jovem. Em outros termos: a pericia de AZ evidencia a sua maturidade dramática. Daí ter falado em testemunho emocional.
Igualmente falei em luz e sombras_ elas são duas grandes imagens-vocabulários para que se escrevam as frases trágicas, dominam as peças com pardos metálicos tangenciando o negrume, com claridades lívidas , que confundem o cenário com os atores, que criam um espaço íntimo, como se os personagens estivessem povoando um âmbito que participasse da própria intimidade deles. Aplica-se a hipótese a antiga locução: uma paisagem como estado de alma.
E esse "estado de alma"adquire um timbre mágico na série colorida dos músicos, um prodígio de perícia, que oferece além do imediato prazer para os olhos , uma transfiguração realista da realidade. Explico-me: a neblina cromática dessas peças como que corporifica a música, da-nos  o assunto não apenas mediante a mimesis estrita, mas igualmente mediante uma inevitável sugestão da embriagues sonora. E isso com meios próprios a seu ofício, nada de "ilustração" pois, mas arte estritamente visual.
Essa exposição vem provar como o tema brasileiro permite ao artista autêntico a criação de algo de fato novo, e novo porque nasce de uma experiência intima. Não do desejo de estar em dia com as últimas conquistas Da Escola de Paris,Tóquio ou Nova Yorque.
Essa a "Estrada Real "da Arte Brasileira, que se iniciou com mais violência a partir de 1922 e que é capaz de dizer toda a nossa imensa problemática que se estende além das palavras, como um desafio ou uma esperança.
JOSÉ PAULO MOREIRA DA FONSECA


MEMÓRIA VIVA


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